Compositor: Roberto Musso
Já tive que ir obrigado à missa
Já toquei Para Elisa no piano
Já aprendi a fingir meu sorriso
Já caminhei pela cornija
Já mudei minha cama de lugar
Já fiz comédia, já fiz drama
Fui objetivo e fui prolixo
Já me fiz de bom e tive má fama
Já fui ético e fui errático
Já fui cético e fanático
Já fui abúlico, fui metódico
Já fui impudico, fui caótico
Já li Arthur Conan Doyle
Já fui de gasolina a diesel
Já li Bretón e Molière
Já dormi em colchão e em estrado
Já mudei a cor do cabelo
Já estive contra e estive a favor
O que me dava prazer, agora, me dá dor
Já estive do outro lado do balcão
E ouço uma voz
Que diz sem razão
Você sempre mudando
Já não muda mais!
E eu estou
Cada vez mais igual
Já não sei o que fazer comigo
Já me afoguei em um copo de água
Já plantei café na Nicarágua
Já fui tentar a sorte nos EUA
Já brinquei de roleta-russa
Já acreditei nos marcianos
Já fui ovolactovegetariano, saudável
Fui quieto e fui cigano
Já estive tranquilo e estive à flor da pele
Fiz o curso de mitologia
Mas os deuses riam de mim
Passei raspando em ourivesaria
E agora, estou fazendo prova de ritmologia
Já experimentei, já fumei, já bebi, já deixei
Já assinei, já viajei, já bati
Já sofri, já escapei, já fugi, já assumi
Já fui, já voltei, já fingi, já menti
E entre tantas falsidades
Muitas das minhas mentiras já são verdades
Tornei fácil as adversidades
E me compliquei com futilidades
E ouço uma voz
Que diz com razão
Você sempre mudando
Já não muda mais!
E eu estou
Cada vez mais igual
Já não sei o que fazer comigo
(Para dentro!)
Já fiz botox, coloquei um piercing
Fui ver o Dream Team e a energia não bateu
Tatuei o Che Guevera em uma nádega
Em cima do nome da minha mãe, para não sair
Já ri e fiz pouco caso
De coisas e gente que agora me dão medo
Fiz jejum por besteiras
Já me entupi com frango no espeto
Já fui ao psicólogo, fui ao teólogo
Fui ao astrólogo, fui ao enólogo
Já fui alcoólico e fui careta
Já fui anônimo e já fiz dieta
Já joguei pedras e já cuspi
No lugar onde agora trabalho
E meu relatório revela meu desempenho
Que me comportei bem e que fiz bagunça
E ouço uma voz
Que diz sem razão
Você sempre mudando
Já não muda mais!
E eu estou
Cada vez mais igual
Já não sei o que fazer comigo
E ouço uma voz
Que diz com razão
Você sempre mudando
Já não muda mais!
E eu estou
Cada vez mais igual
Já não sei o que fazer comigo